Exemplares de comandos eletroeletrônicos, dispositivos que conferem mais segurança e conforto aos elevadores
O que o condomínio precisa “é fazer um investimento para que os
elevadores ganhem algumas décadas a mais de funcionamento, por isso, a
melhor situação é sempre procurar antes um consultor técnico”, defende
João Jair de Lima, empresário que atua há cinco décadas no setor. Esse
profissional deverá “auditar os equipamentos e ajudar a equalizar as
propostas, de forma que o síndico saiba qual a melhor opção em preço e
serviço”, completa.
Os quatro fatores que mais justificam modernização são quebras
frequentes, custo e dificuldades de reposição de peças, desgastes pelo
fim da vida útil, além da obsolescência e defasagem. “A defasagem e o
fim do ciclo de vida acontecem em tudo o que envolve tecnologia”, lembra
João Jair. Segundo ele, inexiste, porém, uma receita única. As mudanças
devem atender a cada perfil de elevador, bem como de seu uso.
No momento, estão em operação nos edifícios das cidades brasileiras
elevadores que expõem diferentes momentos da evolução tecnológica. São
equipamentos de:
- 1ª Geração: Com comandos eletromecânicos, a relê;
- 2ª Geração: Eletromecânicos com microprocessadores eletrônicos;
- 3ª Geração: Com comandos eletroeletrônicos,
incluindo inversores de frequência. “Os inversores vieram para melhorar a
performance e a segurança do equipamento. Por exemplo, ele lhes permite
o nivelamento preciso, atendendo à ABNT NBR 15.597 e à Norma da
Acessibilidade.”;
- 4ª Geração: “Novíssima” versão dos comandos
eletroeletrônicos, “inteligentes”, que possibilita agregar serviços como
o resgate automático, chamadas inteligentes, controle de acesso através
de senha etc. Essa geração é complementada pela inovação dos motores:
sai a antiga máquina composta por engrenagens, que fazem movimentar os
cabos, e entra o motor de ímã permanente. Sem engrenagens, ele é
conectado diretamente aos cabos de tração, o que lhe confere maior
desempenho mecânico e elétrico. A maioria dos edifícios novos está
equipada com a tecnologia, afirma João Jair. Segundo ele, a solução é
sustentável, pois os motores convencionais demandam o uso de óleo para
lubrificação dos componentes das engrenagens, o que não se faz com esse
modelo.
“Essa 4ª e nova geração é vista em condomínios de alta complexidade e
fluxo, que precisam melhorar o desempenho”, observa João Jair. Ele cita
como exemplo a modernização recente dos elevadores do Centro
Empresarial Araguaia 2, em Alphaville, na Região Metropolitana de São
Paulo, que, com a mudança do perfil do fluxo de passageiros, teve
necessidade de modernizar os comandos, para implantar sistema de chamada
antecipada.
CONTRAINDICAÇÕES?
Entretanto, nem tudo é possível ou necessário num processo de
modernização do elevador. “É possível instalar comandos novos com
máquina antiga, caso ela esteja em bom estado.” Somente o diagnóstico
prévio, realizado pelo consultor especializado e de confiança, dará aos
síndicos segurança quanto à abrangência dos serviços. O mesmo
profissional deverá acompanhar a execução e entrega dos trabalhos,
recomenda o empresário, “para que não haja distância entre o orçado e o
realizado”. A relação tripartite, acredita João Jair, “melhora o nível
de exigência das empresas e garante aos condomínios a execução da melhor
opção”.
Segundo ele, a prática mais usual do mercado é modernizar os
comandos, “trocando todo kit”. A substituição das máquinas (motores)
acontece “quando se quer reduzir o ruído proveniente das máquinas ou
ainda mais o consumo”, ou quando se atingiu o fim do seu ciclo de vida.
Os valores mudam bastante, diz. Dependem da característica de cada
equipamento, bem como da demanda de fluxo e capacidade de carga. Da
mesma forma, “cada recurso tecnológico depende muito da especificidade
da máquina para se obter o desempenho desejado”. Até mesmo as guias
entram nessa equação, caso se queira tratar de ganho de velocidade,
exemplifica.
DIAGNÓSTICO
Por isso, reitera João Jair, há necessidade do diagnóstico prévio,
técnico e preciso, que ajudará o síndico a evitar cair na tentação do
preço baixo. “Às vezes um preço aparentemente vantajoso de início se
torna oneroso depois.” Para o consultor e engenheiro de controle de
automação, Antonio Luiz Caldeira, “nem sempre há necessidade de trocar
tudo” num processo de modernização. “O profissional avalia e dá as
diretrizes para o síndico, que assim tem noção do que precisará e faz
cotação com base única, evitando ficar à mercê de quem está interessado
em vender.”
A equalização das propostas, diz o engenheiro Caldeira, possibilita
ao gestor perceber “se algo está muito caro ou barato, evita a gangorra
de preços”. Para isso, no entanto, o consultor deverá ter:
1. Independência em relação ao mercado;
2. Postura de avaliar sempre a relação custo e benefício das soluções indicadas;
3. Preocupação em observar o estritamente necessário ao condomínio, evitando custo oneroso;
4. Objetivo de fazer com que o elevador “retome a vitalidade, tenha renovado seu tempo de vida útil”.
Em uma modernização parcial, isso significa ficar pelo menos doze
anos sem necessidade de troca periódica de peças, intervalo que cresce
para vinte anos em uma reforma total.
À
dir., máquina de tração antiga, com engrenagem. À esq., máquina moderna
e compacta, de ímã permanente, afixada em geral acima das cabinas,
configuração válida para elevadores novos. Em elevadores modernizados, a
peça é substituída na própria casa de máquinas
“CONTABILIDADE DE GANHOS ”: Manutenção, segurança e economia
Um
condomínio composto por dois blocos geminados, totalizando dez andares e
vinte unidades, concluiu a modernização quase total dos três elevadores
há mais de dois anos. Desde então, “não houve mais chamados à empresa
de manutenção”, afirma o zelador local, que pediu sigilo na
identificação do edifício localizado em área nobre do bairro de Santa
Cecília, região Central de São Paulo. Construído em 1949 e operando com
as máquinas originais até o começo desta década, o prédio trocou e
modernizou praticamente tudo: motores, cabos, comandos, componentes
externos da cabina, botoeira e quadros elétricos. Os condôminos fizeram
questão de manter apenas o revestimento interno da cabina, “feito de
material nobre e recuperado”, destaca o zelador.
As mudanças foram significativas: “Não estávamos mais suportando os
trancos e o barulho da máquina, que ouvíamos sempre que se abria a porta
do elevador no térreo. Agora, você não sente o elevador, não sente os
freios, é tudo silencioso”, resume. Outro benefício obtido foi a
economia de energia, aponta. Segundo o zelador, além da modernização dos
elevadores, o condomínio substituiu toda iluminação por LED e, na soma
das medidas, o consumo caiu 50% pós-reforma.
Também a síndica Kelly Remonti, do Condomínio Edifício Top Village,
em Alphaville, contabiliza redução de consumo de energia depois da
modernização dos seis elevadores das três torres do empreendimento. Os
serviços de modernização começaram em setembro de 2013 e foram
concluídos quase um ano depois, em agosto de 2014. Foi uma modernização
parcial da parte mecânica e total das cabinas, com troca das botoeiras
(interna e externas, nos halls dos andares)”, descreve a síndica. Ela
diz que foram mantidos apenas os “motores de tração” das casas de
máquinas das três torres, as quais passaram por ampla revitalização,
incluindo o sistema de prevenção e combate ao fogo. Houve implantação de
comandos eletroeletrônicos, com inversor de frequência. Por fim, foram
providenciadas adequações de segurança, conforme a norma ABNT NBR
15.597:2008. Agora, o condomínio tem apenas uma pendência em relação a
esses equipamentos, afirma Kelly: modernizar os quadros de energia.
E por falar em energia, a gestora comemora a economia obtida
pós-modernização. “O maior ganho foi o desempenho, seguido da segurança e
redução do consumo”, aponta. “Com isso, o condomínio não sentiu tanto o
impacto dos aumentos registrados em 2015”, completa. A média mensal do
consumo de energia no condomínio caiu de 14 mil quilowatts em 2012 para
12.400 kW em 2014 (em 2015, a média mensal ficou em 12.100 kW e, em
2016, caiu a 11.500 kW). Como houve, paralelamente, mudança de lâmpadas
no condomínio, a síndica acredita que a participação dos elevadores
nessa queda responda por 10% do total. Sua expectativa é economizar
também com uma espécie de carência na necessidade de troca de peças, por
um período de pelo menos cinco anos. “Da modernização até agora, não
tivemos mais que fazer qualquer substituição, exceto de elementos da
cabina, danificados pelo uso.”
Segundo João Jair, os inversores de frequência dos comandos
eletroeletrônicos são os responsáveis por 40 a 50% na redução do consumo
de energia do elevador. Isso porque, o elevador consome mais nas
partidas, não no movimento; a carga maior é utilizada para “vencer a
inércia”, explica. “O inversor consegue gerar torque, ajudando a vencer a
inércia com consumo menor de corrente nas partidas”, encerra.
CHECKLIST: ELEVADOR EM ORDEM?
A seguir, reproduzimos alguns itens que compõem diagnóstico do
elevador em termos de desempenho, conforme um dos modelos utilizados
pelo engenheiro civil e eletricista, Dalton de Macedo Soares, consultor
independente. Esse modelo envolve “apenas uma parte do diagnóstico
geral, o qual deve englobar todos os aspectos de segurança, qualidade da
manutenção, análise dos componentes mecânicos e elétricos etc.”,
ressalva.
ITENS DO CHECKLIST DE DESEMPENHO
1 - Velocidade de subida
2 - Velocidade de descida
3 - Andar a andar: Subida
4 - Andar a andar: Descida
5 - Tempo de abertura da porta
6 - Tempo de fechamento da porta
7 - Tempo de porta aberta
8 - Forçador de tempo/sinal sonoro
9 - Tempo no andar principal (Térreo)
10 - Barra de reversão da cabina
11 - Fotocélula
12 - Alarme
13 - Aceleração
14 - Desaceleração
15 - Paragem
16 - Nivelamento
17 - Operação da porta da cabina
18 - Viagem
19 - Interfone
20 - Luz de Emergência
Matéria publicada na
edição - 212 - mai/2016 da Revista Direcional Condomínios